domingo, 12 de dezembro de 2010

Do(Ação)

Ela não quis acreditar quando aquilo que imaginou ser tão real lhe caiu como um peso sobre as pernas. A idealização de que tudo estava bem, de repente, esvaiu-se em sentimentos de confusão e revolta. Ela fazia por amor, ele, recebia por educação.

O nascer das diferentes co-relações. “Será que estava sendo invasiva?”, “Por que, agora, venho saber disso?”, “Estou me sentindo tão mal”. Se doava mais que ele, e mais que todos. Mas não nascera para ser assim. E nunca o foi; até conhecê-lo. Mas guardava consigo um sentimento bom por fazer-lhe bem. Havia um reconhecimento, apenas. E, na cabeça dela, um palhaço com pintura de lágrimas nos olhos. E ela era o palhaço.

Sabia que sua pintura era de tristeza naquele momento, mas tentou esboçar o mais belo sorriso e apagar da memória. O problema, senhores, é que a maior e melhor memória RAM da história é a sua! Não de máquinas e construções tecnológicas de alto refino.

Tudo pareceu rodar ao seu redor. Nauseou-se. Mas não era um mal estar de doença. Era a impotência de não ter percebido seu papel ridículo na história. Ela não podia fazer bem a todos, não podia salvar o mundo. Não podia agradar. Não foi reprovada por ninguém. Mas reprovou-se a si mesmo. Como poderia aceitar-se sentindo que uma nuvem de idiotice lhe pairava sobre os olhos? Como tiraria de si o peso de uma incompetência?

Algo lhe dizia “esqueça”. E resolveu deixar para lá. Lembrava apenas nos momentos em que sentia dor ou medo. E esboçava um sorriso. Desconfortável. Mas sorria da vida que lhe pregara uma peça. Sorria do mundo. Sorria. Apenas.